Megaoperação no Rio: 115 corpos de suspeitos são identificados; confronto deixa 121 mortos
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A megaoperação nos complexos da Penha e do Alemão, na Zona Norte do Rio de Janeiro, deixou 121 mortos, sendo 117 suspeitos e 4 policiais, segundo dados atualizados da Polícia Civil.
A ação, considerada uma das maiores ofensivas contra o Comando Vermelho (CV) nas últimas décadas, teve como objetivo frear o avanço da facção e cumprir 100 mandados de prisão e 180 de busca e apreensão.
115 corpos de suspeitos já foram identificados
De acordo com informações obtidas pela TV Globo, 115 dos 117 suspeitos mortos durante os confrontos foram identificados pela perícia.
Dois corpos seguem pendentes: um com identificação inconclusiva e outro aguardando confirmação necropapiloscópica, possivelmente pertencente a uma pessoa da Bahia, onde faltam digitais para comparação.
A Defensoria Pública do Estado do Rio havia informado inicialmente que todos os corpos tinham sido liberados, mas a Polícia Civil corrigiu os números.
“O trabalho de identificação é minucioso e segue protocolos de perícia técnica”, informou a corporação em nota.
O saldo da operação
A operação, que mobilizou forças do Bope, Choque, CORE e Polícia Militar, resultou em números expressivos:
121 mortos no total (117 suspeitos + 4 policiais)
113 presos, incluindo 33 de outros estados (Amazonas, Bahia, Ceará, Pará e Pernambuco)
10 menores apreendidos
118 armas, sendo 91 fuzis, 26 pistolas e 1 revólver
Mais de 1 tonelada de drogas apreendida
A ofensiva faz parte de uma série de ações coordenadas para enfraquecer a estrutura operacional e financeira do Comando Vermelho, a principal facção criminosa do estado.
Imagens inéditas mostram confronto intenso
Vídeos obtidos pela TV Globo mostram cenas da operação em uma área de mata conhecida como Vacaria, no alto do Morro da Penha.
As imagens revelam rajadas de tiros, uso de bombas de gás e o avanço de equipes do Bope em meio a barricadas de carros incendiados.
Em uma das gravações, um policial do Bope é baleado na perna e socorrido pelos colegas. Ele usava máscara de proteção contra gás lacrimogêneo e foi internado, recebendo alta posteriormente.
Outras cenas captadas por drones mostram criminosos em fuga e o uso de blindados para remover obstáculos nas vias dominadas por barricadas.
O alvo: o avanço do Comando Vermelho
O Comando Vermelho, facção surgida nos presídios da Ilha Grande entre as décadas de 1970 e 1980, consolidou-se como uma das organizações criminosas mais poderosas do país.
Atualmente, o grupo domina grande parte das comunidades da Zona Norte e Oeste do Rio, com conexões interestaduais e internacionais.
A operação de terça-feira (28) tinha como base um inquérito do Ministério Público que denunciou 69 suspeitos ligados à facção.
Entre eles está “Doca”, apontado como uma das lideranças do CV, ainda foragido.
Até o momento, cinco denunciados foram presos e dois suspeitos liberados após audiências de custódia.
O impacto e a repercussão
As imagens de corpos enfileirados na Praça São Lucas, na Penha, geraram repercussão nacional e internacional.
Entidades de direitos humanos e a Defensoria Pública pediram acesso integral aos laudos de perícia, enquanto o ministro Alexandre de Moraes, do STF, determinou que o governo do Rio preserve todos os elementos periciais e garanta transparência na investigação.
Um retrato da escalada da violência no Rio
A megaoperação reacende o debate sobre o uso da força em ações policiais e a eficácia das estratégias de combate ao tráfico.
Enquanto as forças de segurança afirmam que as ações são necessárias para conter o poder armado das facções, especialistas e organizações civis pedem revisão das táticas e maior controle institucional.
“É preciso investigar, mas também compreender o contexto de violência e vulnerabilidade social dessas regiões”, afirmou um pesquisador da UFRJ especializado em segurança pública.
Uma operação histórica e controversa
Com mais de 120 mortes e centenas de prisões e apreensões, a operação nos complexos da Penha e do Alemão entra para a história como uma das mais letais e complexas do Rio de Janeiro.
Enquanto o governo defende o impacto na desarticulação do Comando Vermelho, familiares e entidades cobram respostas e transparência sobre as circunstâncias dos confrontos.
O episódio expõe novamente o desafio permanente de equilibrar segurança pública, direitos humanos e justiça em um dos cenários urbanos mais complexos do Brasil.
