Despejos em Londres: o que está causando o aumento recorde?

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11/27/2025

Panorama geral: números alarmantes

  • O número de despejos sem culpa (os chamados “no-fault evictions”, com base na Section 21) voltou a subir fortemente: entre julho de 2024 e junho de 2025, cerca de 11.400 domicílios foram despejados com ordem de despejo executada por oficiais — um aumento relevante comparado ao ano anterior.

  • A medida foi identificada como uma das principais causas do aumento do número de pessoas em situação de rua e da crescente demanda por abrigos e moradias temporárias.

  • A carência de moradias sociais e de aluguel acessível agrava a situação: muitos locatários que sofrem despejo não encontram alternativas viáveis, o que pressiona os serviços públicos de apoio a pessoas desabrigadas.

Principais causas do aumento dos despejos

1. Alta dos aluguéis e custo de vida disparado

  • Em 2025, os aluguéis privados em todo o Reino Unido — e especialmente em Londres — atingiram níveis recordes. A capital vive um dos momentos de maior pressão sobre preços de moradia.

  • Com renda estagnada ou desacelerada e gastos gerais (energia, alimentação, transporte) subindo, muitos locatários simplesmente não conseguem arcar com o aluguel, o que aumenta o risco de inadimplência e despejo.

  • A disparidade entre renda e aluguel torna difícil manter contratos de longo prazo, especialmente para famílias de baixa ou média renda, agravando a vulnerabilidade social.

2. Legislação que permite despejos arbitrários

  • A Section 21 permite despejos sem que o locador precise justificar motivo — o inquilino recebe aviso e, após determinado prazo, pode ser retirado da moradia mesmo sem atraso no pagamento. Esse mecanismo tem sido usado com frequência, contribuindo para o crescimento dos despejos.

  • Apesar de haver proposta de lei — a Renters’ Rights Bill — para proibir esse tipo de despejo, a demora em sua aprovação faz com que muitos contratos continuem vulneráveis, mantendo o ambiente de insegurança para locatários.

3. Falta de oferta de habitação social e moradia acessível

  • A oferta de casas populares, habitação social ou imóveis com aluguel abaixo do mercado tem se mantido muito aquém da demanda. A redução ou estagnação dessas construções ao longo dos anos contribuiu para o déficit habitacional.

  • Como consequência, muitas famílias despejadas acabam dependendo de abrigos temporários ou alojamentos precários, o que pressiona ainda mais os recursos públicos e reduz a qualidade de vida dos afetados.

4. Crise econômica e cortes no apoio social

  • A crise econômica — com inflação, aumento de custos e rendimento de famílias comprometido — torna mais difícil manter pagamentos regulares de aluguel e outras despesas essenciais.

  • Os auxílios habitacionais e subsídios públicos (como o sistema de apoio à moradia temporária) têm enfrentado restrições orçamentárias, o que limita a capacidade de amparo a despejados e famílias vulneráveis.

Consequências para a cidade — e para quem mora lá

Aumento de pessoas sem-teto e moradias temporárias

  • Com os despejos, há um crescimento expressivo de pessoas dormindo nas ruas ou vivendo em abrigos temporários. Recentes levantamentos apontaram recorde no número de “rough sleepers” (pessoas em situação de rua) em Londres.

  • As prefeituras de Londres relataram que a crise de habitação se tornou “o maior risco financeiro” que enfrentam — o gasto com moradia temporária saltou, pressionando orçamentos públicos e reduzindo verbas para outros serviços sociais.

Impacto humanitário e social

  • Famílias são forçadas a mudar de bairro, perder redes de apoio, ter filhos afastados da escola — situações que agravam vulnerabilidades e desigualdades.

  • Jovens, desempregados ou pessoas com renda instável são os principais afetados, o que aumenta a marginalização social e os riscos de exclusão.

Pressão sobre a infraestrutura e a política habitacional

  • A crise habitacional força autoridades a reavaliarem políticas de moradia, subsídios e regulação de aluguéis e despejos.

  • A urgência por moradia acessível é crescente, o que demanda investimentos em habitação social, revisão de leis de locação e auxílio emergencial para famílias vulneráveis.

O que se espera de medidas e soluções

Especialistas apontam algumas medidas essenciais para mitigar a crise:

  • Aprovação urgente de leis que restrinjam despejos arbitrários (como o Renters’ Rights Bill).

  • Ampliação da oferta de moradia social ou com aluguéis controlados — atendendo à demanda de renda média e baixa.

  • Controle de aluguéis e regulação do mercado privado de locação, para evitar aumentos abusivos.

  • Apoio social a famílias despejadas: uso de abrigos dignos, auxílio financeiro emergencial, transição para novas moradias.

  • Revisão das políticas de habitação e planejamento urbano para prevenir perda de moradias acessíveis em Londres.

Uma crise com múltiplas faces

O aumento recorde de despejos em Londres não é culpa de um único fator — ele é fruto da combinação de mercado de aluguel em alta, legislação que favorece despejos, escassez de moradia social, crise econômica e políticas públicas ineficientes.

O resultado: mais gente sem teto, mais famílias desabrigadas, mais pressão sobre o sistema de apoio social — e risco de colapso habitacional.

A crise expõe um problema estrutural: morar já não é um dado seguro para muitos londrinos. Resolver isso exige mudanças profundas — na lei, na economia e na prioridade política. E o tempo para agir é agora.

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